DAMASCO
DAMASCO
Conhecida
como “Cidade do Jasmim”, Al-Fayha’a, “a cidade perfumada”, Al-Sham, Jollaq, “a
rainha das águas”, “dos céus benditos”, “a esmeralda do deserto” e “Pérola do
Oriente”, como a denominou o Imperador Juliano, Damasco é a capital da Síria e um
dos 14 distritos do país. O distrito de Damasco é administrado por um
governador indicado pelo Ministro do Interior. Tem ocupado posição de
importância nas áreas de cultura, ciência, política, comércio, arte e
indústria, desde os primeiros tempos.
Referências geográficas
Centro
importante dos povos do deserto, Damasco conta com 4,5, ou 4,8, milhões de
habitantes. A maioria da sua população urbana é originária de migração rural. Localiza-se
no oásis de Ghutah, (Ghouta ou al- Guta), um dos mais férteis do mundo. Oásis
com dois rios, sendo o mais importante o Barada que se bifurca em sete braços,
cruza e abastece a cidade. Situada a nordeste do lago da Galiléia e ao sudeste
da Síria, num planalto nos sopés orientais da cordilheira Antilíbano, a 680, ou
690, metros acima do nível do mar. É limitada pela citada cordilheira a oeste e
pelo deserto da Síria a leste. Apesar de estar localizada a oitenta quilômetros
da costa oriental do mar Mediterrâneo, a cadeia montanhosa a isola do litoral,
e a cidade expande-se, então, para leste. O clima é semiárido. Os verões são
quentes e os invernos, amenos. O árabe é a língua oficial da região.
O
núcleo da cidade é constituído pela cidade antiga, a Cidadela, uma cidade
dentro da cidade. Tombada como Patrimônio Mundial da UNESCO, a cidade velha é
cercada por grande muralha romana de sete portas: a porta da libertação; a
porta dos pomares ou do paraíso; a porta da paz; o “Touma” ou Thomas portão;
Eastem Gate; Bab Kisan (por onde se deu a fuga de Saulo de Tarso); e o portão
pequeno, Bab al-Jabiya.
Muitos dos caminhos são enfeitados com colunas
e arcos de triunfo. A extensa cidade velha abrange: um gigantesco mercado; um
grande bairro mulçumano; um bairro cristão, menor; e uma minúscula zona
judaica. A cidade moderna fica a oeste da antiga Damasco, onde estão situadas a
maior parte das embaixadas, as universidades e alguns monumentos e edifícios.
Maior
metrópole da Síria, Damasco disputa, com Jericó e Biblos, o título de mais
antiga cidade habitada, continuamente, no mundo; sendo a cidade-capital mais
antiga do planeta. Há registros de moradores desde 5000 a. C. Por pesquisa realizada
em Tell Ramad, nos arredores de Damasco, foi sugerido que o local pode ter sido
ocupado desde a segunda metade do sétimo milênio a. C., cerca de 6.300 a. C.
Entretanto há evidências de assentamentos que remontam de 9.000 a. C., embora
não conste a presença de grandes assentamentos, dentro dos muros de Damasco,
até o segundo milênio a. C.
Antigas referências a
Damasco, como as tábuas de Ebla, informam que a cidade teve imensa influência
econômica durante três milênios a. C.; que Damasco foi habitada desde os tempos
pré-históricos e que sua história começa na época de Uz, neto de Noé. Consta que foi capital do Reino Arameu no
século XI a. C. Os arameus, ou aramites, eram nômades semitas, aportados
através da península Arábica. Consta, ainda, que foram os habitantes originais
de Damasco e muitas aldeias, nos seus arredores, são conhecidas por nomes
aramaicos.
Cidade antiga de Damasco
Referências históricas
A
primeira referência histórica data do século XV a. C., quando foi conquistada
pelo Faraó Tutmósis III. No século X a. C. Damasco esteve em guerra com outros
reinos, incluindo hebreus, e foi governada por israelitas. Na história antiga,
Nicolaus de Damasco faz uma referência a reinado de Abraão em Damasco,
referindo-se, inclusive, a uma aldeia chamada ‘habitação de Abraão’. Consta que
Damasco foi parte da antiga província de Amurru no reino dos Hicsos, durante
1720 a 1570 a. C. Todavia, os primeiros registros egípcios são as Cartas de
Amarna de 1350 a. C.
Há
informações que, por volta de 1260 a. C., a região de Damasco, assim como toda
a Séria, tornou-se um campo de batalha entre os hititas ao norte e os egípcios
ao sul, terminando com um tratado; sendo entregue o controle da área de Damasco
a Ramsés II, em 1259 a. C. A chegada dos Povos do Mar, cerca de 1200 a. C.,
marcou, na região, a transição da Idade do Bronze para a Idade do Ferro,
afetando a população dos grandes centros da Síria antiga, contribuindo,
todavia, para que Damasco surgisse como um centro influente.
Em
732 a. C., Tiglath-Pileser II fez dela uma parte do império assírio. Após
alguns anos, com a queda da capital assíria, Nínive, o reino de Damasco permaneceu
sob o domínio de vários povos durante centenas de anos, caindo sob o Império
Neo-Babilônio de Nabucodonosor, a partir de 572 a. C., domínio que chegou ao
fim em 538 a. C., quando Ciro, rei dos persas, capturou-a, fazendo dela a
capital persa da província da Síria. Foi conquistada em 333, ou 332, a. C., por
Parménio, um dos generais de Alexandre o Grande; e, após a morte de Alexandre,
em 323 a. C., tornou-se disputada entre os impérios Selêucidas e Ptolomeu.
Quando o poder selêucida diminuiu, Tigranes da Armênia tomou Damasco.
Após
o domínio de vários povos, inclusive, os gregos; os romanos, sob o comando de
Pompeu, ocuparam Damasco, incorporando-o à liga das dez cidades, conhecidas
como Decápolis, por ser importante centro de cultura greco-romana. No ano 37, o
imperador romano Calígula transferiu Damasco, por decreto, para controle
Nabataean. Por volta de 106, Nabataea foi conquistada pelos romanos e Damasco
passou novamente ao controle do império romano.
Colonizada pela primeira vez no início do II
século, isto é, em 222, pelo Imperador Septímio Severo, Damasco tornou-se uma
metrópole. Com a vinda da Pax Romana, começou a prosperar com as rotas de
comércio do Sul da Arábia, Palmira, Petra, e as rotas de seda da China. Após a
separação do Império Romano, em 395, tornou-se uma capital provincial do
Império Bizantino. Os árabes a ocuparam em 635. Em 636, sob o domínio dos
mulçumanos, houve uma mudança drástica para a cidade, passando de Bizâncio e do
Cristianismo para o Oriente e ao Islão.
Como
capital do Califado Omíada, de 661 até 750, teve início sua época de ouro, que
durou um século. Após a vitória da dinastia Abássida, a sede do poder islâmico
mudou-se para Bagdá, acabando sua época áurea. Passou depois por vários reinos
e califados; o mais importante foi o Califado Fatímida; voltando ao tempo de
glória quando foi conquistada por Saladino, iniciando a dinastia Aiúbida. Posteriormente,
foi conquistada por novos egípcios, os Karmathians e os turcos seljúcidas,
em 1076.
Após
a invasão mongol, tornou-se capital do reino mameluco de 1260 até 1516. Em 1516,
Damasco passou para o domínio dos turcos otomanos, permanecendo por 400 anos, até
a Primeira Guerra Mundial.
Em
1918, Damasco foi libertada por um contingente árabe sob o comando do General
Allendy, do Exército Britânico. Em 1919, foi formado o Congresso Nacional Sírio
sob o patronato de Emir Faisal, que foi declarado rei da Síria; mas, no ano
seguinte, em 1920, foi derrotado pelos franceses em nome da Liga das Nações. De
1925 a 1926, Damasco se juntou aos drusos contra os franceses e, após forte
resistência, foi proclamada independente, pelo general francês Catroux.
Durante a Segunda
Guerra Mundial, as forças francesas livres, e britânicas, entraram em Damasco,
que se tornou a capital da Síria independente em 1941, independência que só
surtiu efeito a partir de 1946. Em 1958, a Síria e o Egito se uniram para
formar a República Árabe Unida, tendo Cairo como capital, e Damasco como a
capital da região da Síria. A Síria se retirou da República Árabe Unida em 1961.
A Rua Direita (ou Via Recta) foi
construida pelos Romanos, e ha 2.000 anos atras ela tinha cerca de 26
metros de largura, e 1 quilometro e meio de cumprimento, cruzando toda cidade
de Damasco de Leste a Oeste, e era conhecida pelos Romanos como a Estrada do
Sol.
Referências econômicas
A
economia de Damasco baseia-se essencialmente de produtos alimentícios,
vestuários e material impresso. A cidade possui uma tradição artesanal de
importância considerável, produzindo têsteis de alta qualidade, sedas, artigos
de couro, filigrana de ouro, objetos em prata, peças de madeira com entalhes e
artigos de cobre e de latão.
Referências
educacionais –
Damasco
é o principal centro de educação do país; e a Universidade de Damasco é a mais
antiga e maior universidade da Síria. E após a promulgação da legislação que
permitiu instituições privadas secundárias, várias novas universidades se
estabeleceram na cidade e nas adjacências.
Referências
à cultura e a centros culturais –
A
corrupção é generalizada, mas nos últimos anos tem sido combatida pelo governo
e por organizações não governamentais. Pechinchar é comum, especialmente nos
tradicionais souks.
As
tradições culturais são mulçumanas. Há muitas obras da arquitetura islâmicas em
Damasco. Sua mais notável construção é a Grande Mesquita ou Mesquita de
Umayyad, ou Omayyad. Construída no ano de 705, século VIII d. C., é coroada com
esplêndida cúpula, torres elevadas e um grande número de minaretes, um dos
quais é conhecido como “Minarete de Jesus”; porque, segundo a tradição
islâmica, Jesus aparecerá no alto deste minarete no dia do Juízo Final. No lado
sul da mesquita, na viga superior de uma porta, há uma inscrição em grego que
diz: “Teu reino, Ó Cristo, é um reino eterno”. Há um santuário na mesquita que
dizem ter sido construído para conter a cabeça de João Batista.
Há,
também, outros grandes e importantes marcos como: o Azem Palace, construído em
1749, é o mais belo exemplo da arquitetura de Damasco, abriga o Museu de Artes
e Tradições Populares da Síria, o prédio foi construído com basalto preto e
rochas sedimentares brancas; o Museu Nacional da Síria; o Museu Militar; o Museu
de Caligrafia Árabe; a Igreja de Santo Ananias, capela baixa semelhante a uma
caverna, abaixo do nível da rua, foi construída no porão da casa de Ananias,
onde cristãos do mundo inteiro se encontram para meditar a experiência de
conversão do apóstolo Paulo; o Damasco Cidadela; os Souqs Velhos como Al – Hamidieyed
e Pasha Midhat; Bimaristan Al – Nory; o Mausoléu de Saladin, ou de Saladino, erguido
em 1196; a Igreja de São Paulo, construída no local onde o apóstolo fugiu dos
seus perseguidores, num cesto de vime, que conserva o ambiente genuíno no qual
Paulo de Tarso viveu; e a mesquita Takiyyeh Al – Sulaymaniyyeh, construída em
estilo otomano, em 1554, suas camadas de pedras pretas e brancas e os longos
minaretes impressionam; o Bimaristan Nur er Din, fundado em 1154, monumento da
cidade antiga, como hospital-escola de medicina.
A
Cidade Antiga de Damasco, bem como o Sítio de Palmira, é Patrimônio Mundial da
Síria. Em 2008, Damasco foi escolhida
como a Capital Árabe da Cultura.
Capela de Ananias - Rua Direita
Referências sobre
religiões
A
maioria dos damascenos, ou 75%, são mulçumanos sunitas. Acredita-se que há mais
de mil mesquitas em Damasco, sendo mais famosa a Mesquita dos Omíadas. Fora dos
muros da cidade velha, às margens do rio Barada que corta a cidade em duas,
sobre a antiga residência de Soleimán O Magnífico, datada de 1516, fica a
mesquita com o seu nome. Há alguns bairros cristãos, como Bab Touma, e muitas
igrejas, principalmente a antiga igreja de São Paulo de Hahanya. Grande número
de igrejas e mosteiros foi construído no período bizantino.
Referências sobre transportes
Damasco
está ligada ao Líbano, ao Iraque, à Jordânia e à Turquia, assim como ao resto
do país, através de aotoestradas modernas. O Aeroporto Internacional de Damasco
fica a vinte quilômetros a leste da cidade com conexões com o mundo árabe,
países da Ásia, da Europa e da África e, recentemente, com cidades
sul-americanas. O transporte público depende grandemente de micro-ônibus. Há
cerca de cem linhas que operam no centro da cidade e algumas delas se estendem
até os subúrbios próximos.
Referências sobre os arredores
de Damasco
Nas
adjacências de Damasco, há localidades que vale a pena visitar: Malula e Seydnaya.
Os habitantes de Malula falam o arameu, a língua de Jesus, que é falada, também,
em dois povoados vizinhos: Jabadin e Bejaa, onde se encontra os monastérios de
São Sergius e de Santa Tecla.
Ao
sul de Damasco, se localiza o Santuário de Saida Zainab, cujo interior é todo
decorado de prata e ouro. Outra cidade que vale a pena visitar é Zabadani, ao
norte de Damasco.
Contribuição
de Irinéa Pereira Gomes
Depois de ler, sinto-me profundamente angustiado pela forma leviana como os homens deste tempo tiveram a coragem de destruir coisas tão belas.
ResponderExcluirAmadeu Saraiva.
Muito linda a cidade
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