CAP. V: LUTAS PELO eVANGELHO
( Primeira Reunião )
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Jerusalém - Portão dos Leões (Entrada oriental da Cidade Velha)
ou
Porta de Santo Estêvão: É assim chamada por causa da
tradição que o primeiro mártir cristão foi apedrejado fora desse portão.
No entanto, uma tradição anterior localiza esta execução a norte da cidade.
tradição que o primeiro mártir cristão foi apedrejado fora desse portão.
No entanto, uma tradição anterior localiza esta execução a norte da cidade.
Em
Antioquia da Síria (Núcleo original)
O
regresso de Paulo e Barnabé foi assinala em Antíoquia com imenso regozijo. A
comunidade fraternal admirou, profundamente comovida, o feito dos irmãos que
haviam levado a regiões tão pobres, e distantes, as sementes divinas da verdade
e do amor.
Mas, os missionários voltaram em uma
fase de grandes dificuldades. As discussões sobre a circuncisão estavam acesas.
Os próprios chefes mais exímios estavam divididos. As vozes do Espírito Santo
não mais se manifestavam.
O convertido de Damasco em vão explicava
que o Evangelho era livre e que a circuncisão era somente uma característica
convencional da intransigência Judaica.
O quadro era agravado com a presença de
companheiros vindos de Jerusalém. Alguns comentavam sobre a autoridade absoluta
dos Apóstolos Galileus, porém, sutilmente falavam que a palavra de Paulo e
Barnabé, por muito inspirada que fosse nas lições do Evangelho, não possuíam autorização
absoluta para falar em nome de Jesus.
A
Igreja da Antioquia perdera o sentido de unidade que a caracterizava, cada qual
doutrinava do ponto de vista pessoal. Os gentios eram tratados com zombarias, organizavam-se
movimentos a favor da circuncisão.
Fortemente
impressionados com a situação, Paulo e Barnabé combinam um recurso extremo: Convidar
Simão Pedro para uma visita pessoal à instituição de Antioquia. Conhecendo seu
espírito liberto de preconceitos religiosos, os dois lhe enviam uma carta.
Para felicidade de Paulo e Barnabé,
Pedro chega acompanhado de João Marcos. O ex-pescador, no entanto, diz que a
situação não é diferente de Jerusalém, justificando que Tiago continua a fazer agressivas
exigências, mas que não interfere diretamente para preservar o trabalho.
O generoso Apóstolo a todos visitava
pessoalmente, sem distinção ou preferência. Antepunha sempre um bom sorriso às
apreensões dos amigos que receavam a alimentação “impura” e costumava perguntar
onde estavam as substâncias que não fossem abençoadas por Deus. Paulo
acompanhava-lhe os passos sem dissimular íntima satisfação.
Chegam três emissários de Tiago,
que trazem cartas a Pedro que os recebe com demonstrações de estima. Daí por
diante modifica-se o ambiente, Pedro não mais atende aos incircuncisos, as
festividades já não contam com sua presença, fica sempre em companhia dos
mensageiros de Tiago, parece austero e triste jamais se referindo à liberdade
que o Evangelho outorgara à consciência humana. Paulo observa a mudança com
profundo desgosto, principalmente por se tratar de Pedro.
Após duas semanas, Paulo ao assumir a
tribuna, para surpresa geral, fala abertamente sobre a postura do Apóstolo. No
entanto, Pedro aparenta muita calma e equilíbrio. Os enviados de Tiago
revelaram profundo mal-estar e Barnabé estava lívido. Por outro lado, os
gentios fitavam Paulo enternecidos e gratos.
Refletindo sobre ascendência de Pedro, Barnabé
toma a palavra e pergunta com que direito Paulo o ataca.
Paulo sem se impressionar com a pergunta
diz: - Temos, sim, um direito: - o de viver com a verdade, o de abominar a
hipocrisia, e, o que é mais sagrado – o de salvar o nome de Pedro das
arremetidas farisaicas.
Pedro era a figura mais impressionante
pela augusta serenidade do semblante tranquilo, porém notou que a maioria da assembleia
lhe dirigia curiosos olhares. Os companheiros deixavam perceber cólera íntima,
na extrema palidez do rosto. Todos pareciam convocá-lo à discussão. Barnabé
tinha os olhos vermelhos de chorar e Paulo parecia cada vez mais franco, verberando
a hipocrisia com a sua lógica fulminante. Pedro preferia ficar em silêncio.
Quando a assembleia estava repleta de
cochichos abafados, Pedro se levanta com os olhos orvalhados de lágrimas e confessa
que é um homem falível que muitos erros, pede desculpa aos presentes e solicita
preces para ele, dando seguimento a reunião pede que Paulo que consulte e
comente as anotações de Levi. Deixando a assistência assombrada com o desfecho
imprevisto.
Terminado a reunião, Paulo e Barnabé se
reaproximaram devido a palestra suave e generosa de Paulo. Pedro fez questão de
voltar ao incidente para versá-lo com referências amistosas. Dizia ele – O
problema do gentilismo merecia de fato, muito interesse.
Paulo então tem a ideia de uma assembleia
em Jerusalém para ventilar o assunto mais profundamente, para apresentarem uma
norma justa de ação, sem margem a sofismas tão de gosto e hábito farisaicos.
Pedro como alguém muito alegre por encontrar a chave de um problema difícil
anuiu a proposta de bom grado e pediu que a reunião fosse o quanto antes.
Pedro depois de verificar a plena
reconciliação de Paulo e Barnabé regressou a Jerusalém.
Desta forma a situação da Igreja de
Antioquia continuava instável. Paulo sustentava sua posição de liberdade do
Evangelho, e planejava levar suas argumentações à Jerusalém, levaria Tito que
apesar de ter apenas 20 anos e ser de fileiras pagãs era uma das mais lúcidas
inteligências a serviço do Senhor.
Após quatro meses chega um emissário de
Jerusalém com a esperada notificação de Pedro para a reunião. Na manhã
seguinte Paulo, Barnabé, Tito e mais dois irmãos seguiram para Jerusalém.
Em
Jerusalém (Primeira Reunião)
Fizeram uma viagem vagarosa, parando
em todas as aldeias, para as pregações da Boa nova, disseminando curas e
consolações. Depois de muitos dias, chegaram a Jerusalém.
Foram recebidos por Pedro com muito
contentamento em companhia de João. Tiago e outros companheiros vieram saudar
os irmãos de Antioquia. A casa foi ampliada, havia outros pavilhões, cobrindo
não pequena área
Paulo notou que Tiago estava
radicalmente transformado, suas feições eram de um “mestre de Israel “ com
todas as características indefiníveis dos hábitos farisaicos. Não sorria. Os
olhos deixavam perceber uma presunção de superioridade que raiava pela
indiferença. Seus gestos eram medidos como os de um sacerdote do templo, nos
atos cerimoniais.
Na reunião a noite sentaram-se a mesa diversas
personagens que Paulo não conhecia, conforme orientação de Pedro eram novos
cooperadores da igreja de Jerusalém. Paulo e Barnabé não tiveram boa impressão,
pois os desconhecidos assemelhavam-se a figuras do Sinédrio, na sua posição
hierárquica e convencional.
Ao tomar conhecimento que Tito
não era circuncidado, Tiago disse que então não era justo que ele participasse
da reunião, visto não ter cumprido todos os preceitos. Paulo apelou para Pedro,
dizendo que Tito era representante da Igreja de Antioquia. Pedro ficou indeciso, ao que Paulo
adicionou: - Alias, a reunião deverá resolver estas questões palpitantes, a fim
de que se estabeleçam os direitos legítimos dos gentios.
Pedro então disse, essa assembleia discutirá a
questão, mas ainda não o fez, então proponho que Tito seja circuncidado amanhã,
para que participe dos debates. E assim foi feito.
Paulo queria romper com
eles, e voltar, mas se lembrou das cartas de emancipação prometidas e se
conteve.
Paulo estava desanimado com o que
via e ouvia; um dos presentes chegava a ponderar que os gentios deviam ser
considerados como o “gado” do povo de Deus: bárbaros que importava submeter à
força, a fim de serem empregados nos trabalhos mais pesados dos escolhidos.
Outro indagava se os pagãos eram semelhantes aos outros homens convertidos a
Moisés ou a Jesus. Um velho chegava a afiançar que o homem só vingava
completar-se depois de circunciso. À margem da gentilidade outros pontos fúteis
vinham à baila: alimentos impuros, ablução das mãos. Tiago argumentava e
discorria como profundo conhecedor de todos os preceitos
A serenidade de Pedro chamava
atenção. Somente tomou atitude mais enérgica quando um dos componentes do
conselho pediu para que o Evangelho de Jesus fosse incorporado ao Livro dos Profetas,
ficando subordinado à Lei de Moisés para todos os efeitos. Foi a primeira vez
que Paulo viu Pedro intransigente e quase rude.
Os trabalhos foram paralisados
alta noite, em fase de pura preparação.
Paulo nos aposentos de Pedro diz como se sente mal
em aceitar a circuncisão de Tito que vai contra sua crença. Paulo diz que é
preciso encontrar um meio de libertar as verdades evangélicas do convencionalismo
humano e pergunta qual era a principal razão da preponderância farisaica na
igreja de Jerusalém? Ao que Pedro responde: - As maiores dificuldades giram em
torno da questão monetária.
Paulo sugere que que os assistidos,
em condições, trabalhem para gerar recursos para a manutenção geral. O dinheiro
para dar início aos trabalhos seria coletado junto as igrejas. Tarefa essa que
Paulo executou até o fim de seus dias.
Tito foi circuncidado sob a
direção de Tiago e profunda repugnância de Paulo de Tarso e as assembleias
continuaram por mais de uma semana.
Ao termo dos trabalhos ainda se
discutia a circuncisão, ao que Pedro reconheceu que as divergências
prosseguiriam indefinidamente, desta forma levantou-se e fez sábia e generosa
exortação (ver Atos 15:7-11)
Pedro defende em seu discurso a
não obrigatoriedade da circuncisão. Para um Paulo radiante e um Tiago
desapontado.
Tiago vendo-se isolado, pede a
palavra e concorda com a não obrigatoriedade da circuncisão, mas pediu três
emendas: O compromisso de fugir da idolatria, evitar a luxúria e abster-se de
carnes de animais sufocados. Paulo estava satisfeito, fora removido o maior
obstáculo.
No dia seguinte os trabalhos
foram encerrados lavrando-se as resoluções em pergaminho, cada irmão levou consigo
uma carta como prova das deliberações, conforme pedido de Paulo.
Pedro oferece a Paulo e Barnabé o
auxílio de Silas e Barsabás em Antioquia, enquanto Paulo e Barnabé viajarem.
Depois do conselho os
missionários de Antioquia ainda se demoraram três dias na cidade.
Barnabé sem consultar antes Paulo,
resolver levar João Marcos.
Em Antioquia
Paulo apresenta seu plano de
voltar as comunidades cristãs já fundadas, o qual mereceu aprovação geral.
Barnabé resolve levar João Marcos
na próxima viagem, Paulo é contra radicalmente, fato que gera uma discursão entre
os dois. Barnabé deixa transparecer seu descontentamento, estava magoado de
olhos úmidos. Diz: -Não sei por que desfazer nossos laços afetivos. Paulo
conclui: - Isso nunca. Nossa amizade está muito acima destas
circunstâncias. Nossos elos são sagrados. Barnabé depois de clara explanação de
Paulo de seus motivos diz: Tens razão. Desta vez não poderei, portanto, ir
contigo.
Paulo com toda tristeza diz: -
Não nos entristeçamos. Estou refletindo na possibilidade de tua partida, com
João Marcos, para Chipre e eu Tomarei Silas e internando-me pelo Tauro, e a
igreja de Antioquia ficará com a cooperação de Barsabás e Tito. Barnabé ficou
contentíssimo.
Paulo foi para Chipre, Barnabé para
Selêucia.
Publicada por Graça Leite
Publicada por Graça Leite
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