CAP VIII - O
martírio em Jerusalém
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Em
Jerusalém
A noite Tiago chega em casa de
Mnason. Ao contrário de outras vezes, o ex-rabino sente extrema simpatia pela
pessoa de Tiago, que parecia inteiramente modificada pelos vicissitudes e
aflições da vida.
O filho de Alfeu explica que o
Sinédrio, a fim de abrandar as perseguições contra ele, exigia que Paulo
pagasse o voto de Nazireu de quatro judeus pobres e comparecesse ao Tempo com
eles durante sete dias consecutivos.
Paulo que pensava que o Sinédrio ia
decretar sua morte, considera o pedido simples.
Tiago se explica para Paulo sobre seu
posicionamento extremamente judaico e Paulo ajuíza que agora percebia que a
vida exige mais compreensão que informação.
Como Paulo não tem recursos, fica
acertado que a Igreja de Jerusalém pagaria as despesas necessárias pela exigência
do Sinédrio.
A presença de Paulo no Templo causou
enorme sensação em todos os círculos do farisaísmo. Após a humilhação do
terceiro dia, o Sinédrio queria impor sentenças novas. Uma vez que Paulo estava
acompanhado em um lugar sagrado por Trófimo, de origem grega e estranho às
tradições israelitas, foram abertas novas acusações contra Paulo. Percebendo a
trama pediu que Trófimo não mais o acompanhasse.
No último dia ao colocar-se em
posição de orar, alguns exaltados começaram a gritar: - Morte ao desertor,
Pedras à traição! – Pagarás teu crime! – É necessário que morras!...
Paulo se entregou sem resistência.
Foi deixado pelos exaltados
exatamente no pátio do suplicio de Estevão. Paulo pensa: - Não estava ali o
passado a reclamar resgates dolorosos? Não seria justo padecer muito pelo muito
que martirizara os outros?
A semelhança de Estêvão, começou a
ser apedrejado, mas Trófimo e Lucas cientes da gravidade da situação,
procuraram o socorro das autoridades romanas. Um tribuno militar organizou um
troço de soldados e foram ao átrio e arrebataram Paulo da multidão.
Paulo percebendo que não fora a
Jerusalém tão-só para acompanhar quatro nazireus e sim para dar testemunho mais
eloquente do Evangelho, interroga o tribuno com humildade: - Permitis,
porventura, que vos diga alguma coisa? Em puro grego. O chefe da coorte
replicou admirado: - Não és tu o bandido egípcio...Ao que Paulo responde:
- Não sou ladrão. Sou cidadão de Tarso rogo-vos permissão de falar ao povo. O
militar boquiaberto com tamanha distinção de gestos cedeu, embora hesitante.
Os mais exaltados tentaram romper o
cordão de isolamento, ao que Zelfos agiu rápido mandou recolher Paulo no
interior da Torre Antônia e dispersou os recalcitrantes a pata de cavalo.
Quando viu que iria ser açoitado, revelou sua condição de cidadão romano.
Imediatamente pararam os preparatórios para o suplício e chamaram Zelfos este
junto com Claudio Lísias preocupados resolveram apresentar Paulo ao Sinédrio,
mas com proteção militar.
O tratamento dispensado a Paulo é
modificado, com mais respeito e recebeu a visita de sua irmã Dalila e o
sobrinho Estefânio.
Paulo foi levado ao julgamento, porém
foi agredido. Percebendo o rumo dos acontecimentos fez um comentário sobre a
ressurreição. Esse era um tema controverso entre Fariseus e Saduceus, assim, o
fato gerou grande balbúrdia e fez com que os Saduceus se atirarem contra os
Fariseus com gestos e apóstrofes delirantes. Então Claudio Lísias, determinou o
encerramento dos trabalhos e que o prisioneiro voltasse ao cárcere, até
que os judeus resolvessem discutir o caso com mais critério e serenidade.
Devido a simpatia do tribuno por
Paulo, este teve um guarda para atendê-lo em suas necessidades, recebeu água,
remédio, alimentos e visitas de amigos.
Novamente a voz lhe diz que terá
que testemunhar em Roma também. De pronto sentiu novas forças.
Estefânio diz a Paulo que o Sinédrio
planejava matá-lo na próxima audiência e que já havia 40 judeus que prometeram
matá-lo. Paulo pede que levem o jovem a Cláudio Lísias.
Enquanto o Tribuno avaliava a veracidade
da informação trazida por um jovem quase criança e ainda sobrinho do
prisioneiro, recebe a visita de Tiago, ao qual devia favores, que repetiu o
plano já denunciado e conta a história de Paulo e que ele viera a cidade a
seu pedido e roga que seja tomada medidas para impedir o monstruoso atentado.
Tiago sugeriu então a transferência
de Paulo para a Cesaréia, tendo em vista um julgamento mais justo. Ao que
Cláudio Lísias concordou e assim fez.
Uma força de 400 homens escoltaria
Paulo que recebeu uma das melhores montarias.
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Em Cesaréia
O Governador Félix recebeu a
expedição com enorme espanto. Como Paulo era de origem Judaica, convocou a
representação do Sinédrio. Cinco dias depois o próprio Ananias chefiou os que
foram a Cesaréia, levando Tértulo, uma das mais notáveis mentalidades que
cooperavam no colendo sodalício.
Félix, com dúvida sobre o veredicto,
resolve adiar a sentença até que Cláudio Lísias seja ouvido. O governador, faz
uma proposta de suborno a Paulo, que não a aceita pois não serviria de
obstáculo a redenção espiritual do mais humilde funcionário da Cesaréia.
Dar-lhes dinheiro em troca de uma independência ilícita seria habituá-los ao
apego dos bens que lhes não pertencem. A lição humilhara o governador e desde
então se desinteressou da causa.
A esposa do governador quis conhecer
e ouvir Paulo. Drusila de origem Judia quis sondar-lhe as ideias mais profundas
e pediu um comentário geral da nova doutrina, no entanto, quando Paulo começou
a falar das responsabilidades do homem frente a ressurreição o governador se
fez pálido e interrompeu a pregação.
Paulo ficou dois anos preso na
Cesaréia onde aproveitou para manter relações constantes com as Igrejas fundadas
através de mensagens.
Como não poderia ir a Éfeso fazer uma
biografia de Jesus baseada em memórias de Maria incumbiu Lucas de fazê-lo. Encarregou
também Lucas de escrever o Atos dos Apóstolos.
Felix foi transferido deixando Paulo
a própria sorte.
O novo governador Pórcio Festo,
chegou e foi visitar Jerusalém, momento em que recebeu a solicitação do
Sinédrio da restituição do prisioneiro. Ao que Pórcio decidiu que os rabinos o
acompanhariam na volta para que ele então decidisse o destino de Paulo.
Lucas, de coração oprimido, foi ter
com Paulo e contou os planos do Sinédrio de crucificá-lo qual o mestre e no
mesmo local. Paulo ficou espantado, não aceitaria isso. Ninguém logrará um
Calvário igual ao do mestre. Desejava morrer como um homem comum e pecador.-Se
me condenarem, não estarão em erro. Sou imperfeito e preciso testemunhar nessa
condição verdadeira de minha vida. Dê outro modo seria perturbar minha
consciência, provocando um falso apreço humano.
Pórcio queria entregar Paulo mas
temia fazê-lo levianamente, e então consulta Paulo, que então conforme
planejara: Apela para Cesar.
Pórcio concorda: - Apelastes para
César? Irás a César!
Herodes Agripa e Berenice foram
visitar o novo governador ao que sabendo de Paulo manifestaram o desejo de
conhecê-lo ao que Pórcio gostou para ter mais subsídios da peça justificatória
da prisão de Paulo.
Paulo impressiona Agripa e quase o
faz fazer uma profissão de fé cristã o que o Rei consegue se eximir...
Berenice foi a primeira a pedir
clemência ao prisioneiro os demais seguiram a mesma corrente de benévola
simpatia. Agripa tentou uma fórmula digna para que o Apóstolo fosse restituído
a liberdade, mas o Governador disse que conhecendo a fibra moral de Paulo,
tomara a sério o seu recurso para Cesar.
Paulo sabedouro da decisão, com
serenidade, dirigiu-se as igrejas mobilizando todos os amigos de Cesaréia,
menos os que o acompanhariam.
O centurião Júlio foi o encarregado
de determinar todas as providências e por simpatia pelo Apóstolo, ordenou fosse
ele conduzido à embarcação desalgemado.
A beira-mar filas de velhos, jovens e
crianças, à frente Tiago alquebrado e velhinho vindo de Jerusalém com grande
sacrifício para dar-lhe um ósculo fraternal. Bandos de crianças atiraram-lhe
flores. Tiago tomou-lhe a destra e beijou-a com efusão.
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