domingo, 9 de agosto de 2015

CAP IX - O prisioneiro do Cristo

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O Navio de Adramítio da Mísia, em que o Apóstolo Paulo viajava chegou Sidom, repetindo-se as cenas comovedoras da despedida na Cesaréia. Júlio, o centurião da guarda, permitiu que Paulo fosse ter com os amigos na praia. Paulo conquistou ascendência moral sobre o comandante, marinheiros e guardas e, pregava constantemente durante a viagem.
Depois de costear a Fenícia, surgiram os contornos da ilha de Chipre. Nas proximidades de Panfília exultou de íntima alegria pelo dever cumprido, e assim chegou ao porto de Mira, na Lícia.
Foi aí que Júlio resolveu tomar passagem com os companheiros numa embarcação alexandrina, que se dirigia para a Itália. O navio estava com excesso de carga, além de trigo transportava duzentas e setenta e seis pessoas. Os ventos sopravam de rijo, contrariando a rota. Depois de longos dias, ainda vogavam na região do Cnido. Vencendo dificuldades extremas conseguiram tocar em alguns pontos de Creta.
Paulo observando os obstáculos da jornada e obedecendo à própria intuição, aconselhou a Júlio passar o inverno em Kaloi Limenes. Júlio conversou com o comandante e o piloto sobre a sugestão de Paulo, porém, eles acharam inaceitável seguir a sugestão de um prisioneiro. Toraram a direção de Fênix e um furacão atingiu de súbito a embarcação, ficando a mercê do vento e expondo a todos padecimentos  angustiosos durante duas semanas.
Todo o carregamento de trigo foi descarregado, assim como todo o excesso de peso. Este foi um fato que contribuiu para que Paulo ganhasse maior respeito junto a tribulação e o Centurião. Paulo pregava para elevar os ânimos e ajudava a todos.
Decorrido quatorze dias o barco atingiu Malta. O comandante sentindo-se humilhado com a atitude de Paulo, sugere a dois soldados o assassínio dos prisioneiros antes que fugissem, mas Júlio se opôs terminantemente. 

Malta,uma ilha localizada no Mar Mediterrâneo, ao Sul da Itália.
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Em Malta
Foram abrigados pelos nativos e os poucos romanos que lá residiam, mas não havia acomodação para todos e o frio era intenso. Paulo dando mostras de experiência no afrontar intempéries, sugere que se faça fogo sem demora. Quando Paulo atirava um feixe de ramos secos uma víbora extremamente venenosa cravou-lhe os dentes na mão. O Ex-rabino susteve-a no ar e com um gesto sereno e a atirou no fogo, para admiração de todos. O chefe da coorte e os nativos da ilha estavam desolados porque as vítimas de tal réptil não sobreviveriam mais que algumas horas. Afirmavam que Paulo deveria ser um grande criminoso pois se salvara do naufrágio para encontrar a morte na mordida da víbora.
Diante do prognóstico dos nativos Timóteo se aproximou de Paulo que orava com fervor e disse o que os nativos  falavam, porém Paulo afirmou:
- Não te impressiones. Estejamos atentos aos nossos deveres, porque a ignorância sempre está pronta a transitar da maldição ao elogio e vice-versa. É Bem possível que em algumas horas me considerem um deus. 
Com efeito ao verem que Paulo não apresentava nenhuma ocorrência relacionada a mordida da víbora, passaram a considerá-lo uma entidade sobrenatural a qual todos deveriam obedecer. Públio Apiano, o mais alto funcionário de Malta, ordenou providências para socorrer os náufragos e reservou os melhores cômodos de sua própria moradia ao comandante e ao centurião, ao que o chefe da coorte pediu a mesma deferência para o Apóstolo.
Públio atendeu a pedido e solicitou que Paulo atendesse seu pai que se encontrava doente. Paulo curou o pai de Públio e aproveitou a oportunidade para pregar as verdades eternas. Públio quis conhecer o Evangelho e Paulo mostrou os pergaminhos da Boa Nova. Públio ordenou que o documento fosse copiado e prometeu se interessar pela situação do Apóstolo utilizando suas relações em Roma.
Durante os meses de inverno rigoroso, os serviços evangélicos funcionaram regularmente, em um velho salão do administrador. Local em que multidões de enfermos foram curados.  Uma vasta família cristã fora criada na ilha. Júlio resolveu partir em um navio que havia passado o inverno em Malta e se destinava à Itália: “Castor e Pólux”.
  
A caminho de Roma
Chegados a Siracusa, na Sicíla, amparado pelo generoso centurião, agora devotado amigo, Paulo de Tarso aproveitou os três dias de permanência na cidade, em pregações do Reino de Deus, atraindo numerosas criaturas ao Evangelho. Em seguida, a embarcação penetrou o estreito, tocou em Régio, aproando daí a Pouzzoles (Putéoli), não longe de Vesúvio.
Antes do desembarque o centurião aproximou-se de Paulo e falou: – Meu amigo, até agora estiveste sob o amparo da minha amizade pessoal, direta; daqui por diante, porém, temos de viajar sob os olhares indagadores de quantos habitam nas proximidades da metrópole e há que considerar vossa condição de prisioneiro...
Paulo responde que sabia que ele teria de algemar seus pulsos para a exata execução de teus deveres. O Centurião algemou Paulo a ele. E determinou que Paulo e os amigos ficassem em uma pensão com ele.
Desejoso de agradar ao velho discípulo de Jesus, mandou sindicar, imediatamente, se em Pouzzoles havia cristãos e, em caso afirmativo, que fossem à sua presença, para conhecerem os trabalhadores da semeadura santa. O soldado incumbido da missão, daí a poucas horas, trazia consigo um generoso velhinho de nome Sexto Flácus, que lhe informou que já havia uma igreja e que o Evangelho ganhava terreno nos corações; que as cartas do ex-rabino eram tema de meditação e estudo em todos os lares cristãos.
Rogaram a Júlio permitisse a demora de Paulo entre eles, ao menos por sete dias, ao que o chefe da coorte atendeu de bom grado. Decorrida a semana de trabalhos frutuosos, felizes, o centurião fez ver a necessidade de partir. A distância a vencer excedia de duzentos quilômetros, com sete dias de marcha consecutiva e fatigante.
O pequeno grupo partiu acompanhado de mais de cinqüenta cristãos que seguiram o ex-rabino até Fórum de Ápio, em cavalos resistentes. Nessa localidade, distante de Roma quarenta e poucas milhas, aguardava o Apóstolo dos gentios a primeira representação dos discípulos do Evangelho na cidade imperial.
De lá a caravana demandou o sitio denominado “As Três Tavernas”  acrescida agora do grande veículo que levava os anciães romanos sempre rodeada de cavaleiros fortes e bem dispostos. Paulo tinha a impressão de haver aportado a um mundo diferente da sua Ásia cheia de combates acerbos. A figura mais representativa dos anciães tomou assento ao lado de Paulo, o velho Apolodoro, que depois de se certificar da simpatia de Júlio pelo Evangelho tornou-se mais vivo e minuciosos no seu noticiário verbal, atendendo as perguntas do Apóstolo.
— Vindes a Roma em boa época — acentuava o velhinho em tom resignado —; temos a impressão de que nossos sofrimentos por Jesus vão ser multiplicados. Estamos em 61, mas há três anos que os discípulos do Evangelho começaram a morrer nas arenas do circo pelo nome augusco do Salvador.

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Via Nomentana é uma antiga estrada da Itália. A ponte Nomentano foi construída acima do rio Aniene, no declive da colina do Monte Sacro. Repetidamente destruídos e restaurados a ponte apresenta uma variedade de materiais e técnicas de construção que abarca uma ampla extensão, desde a antiguidade até a Idade Média e moderno. Conforme a técnica de construção e os materiais utilizados, a ponte original é datada entre o final do segundo e início do século I aC.

Em Roma
Quando alcançaram a Porta Capena, centenas de mulheres e crianças aguardavam o Apóstolo. Obedecendo as ponderações amigas de Polodoro, o grupo dispersou-se. O centurião considerando que Paulo precisava de repouso resolveu passar a noite numa hospedaria e apresentar-se com os prisioneiros no dia imediato, ao Quartel dos Pretorianos.
O centurião, no intuito de esclarecer o caso do Apóstolo, preferiu esperar o General Búrrus, conhecido por ser honesto.
O ex-rabino foi conduzido ao cárcere até que sua documentação fosse examinado e seu estado de cidadão romano fosse comprovado. Após constatação, poderia esperar em liberdade vigiada junto com um soldado (custódia liberta). Depois de uma semana, em que lhe fora permitido o contato permanente com seus companheiros o apóstolo recebe ordem de fixar residência nas proximidades da prisão até que fosse julgado.
O Apóstolo Paulo continuou a redigir Epístolas consoladoras e sábias as comunidades distantes.
Orientou aos companheiros para procurarem trabalho e diariamente ia na prisão tomar sua refeição, e aproveitava para pregar aos detentos.
Paulo pediu a presença dos anciães judeus no seu aposento para apresentar o Evangelho. Muitos foram e ao ouvi-lo disseram que conheciam Jesus como um revolucionário condenado e nada sabiam sobre Paulo. Expressaram desejo que todos ouvissem sua fala e não apenas eles. Foi marcado um dia e vasta aglomeração de israelitas compareceram no quarto humilde. Paulo pregou a Boa Nova e explicou a missão de Cristo, desde a manhã até a tarde.
Destoando dos sentimentos da maioria um velhinho judeu aproximou-se e disse: - Reconheço o exato sentido da vossa palavra, mas desejaria pedir-vos que este Evangelho continuasse a ser ministrado à nossa gente. Há seguidores de Moisés bem intencionados, que podem aproveitar o ensino de Jesus, enriquecendo-se com os seus valores eternos. Paulo  disse que seu quarto estava à disposição e que não poderia pregar na sinagoga por estar preso. Mas que ia escrever uma carta a eles.
Durante dois meses Paulo trabalhou na carta que seria conhecida como Epístola aos Hebreus.
Ficou assim preso em Custódia Liberta por quase dois anos.
Um legionário levou um dia a Paulo um homem de grande influência política chamado Acácio Domício que tinha ficado cego misteriosamente, Paulo o curou. Desta forma, prometeu que Paulo seria absolvido já na próxima semana. De fato, decorrido 4 dias o velho servidor foi chamado a depor.  E devido a simpatia despertada por Paulo e os esforços de Acácio, que contava até com a amizade de Popéia Sabina, conseguiu a absolvição de Paulo.
Durante um mês, no princípio do ano 63, visitou as comunidades cristãs de todos os bairros da capital do Império. Sua presença era disputada por todos os círculos, que o recebiam entre carinhosas manifestações de respeito e de amor pela sua autoridade moral. Organizando planos de serviço para todas as igrejas domésticas que funcionavam na cidade, e depois de inúmeras prédicas gerais nas catacumbas silenciosas, o incansável trabalhador resolveu partir para a Espanha. Debalde intervieram os colaboradores, rogando-lhe que desistisse. Nada o demoveu. De há muito, alimentava o desejo de visitar o Extremo do Ocidente e, se fosse possível, desejaria morrer convicto de haver levado o Evangelho aos confins do mundo.



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