domingo, 19 de abril de 2015

CAP. VIII: A MORTE DE ESTÊVÃO



Na noite seguinte à memorável sessão do Sinédrio, Saulo de Tarso, conversava com Zacarias,  Ruth e Abigail sobre a personalidade de Estevão. A certa altura, a jovem murmurou:
 — Mas não haveria um meio de modificar, ao menos, a pena arbitrada?
Saulo afirma que:
— Considero o apedrejamento esperado um dos feitos de mais importância para o futuro da minha carreira.
Abigail concorda em ir ao final da cerimônia de execução de Estevão, porém solicita que em último recurso, seja oferecido ao condenado uma derradeira oportunidade para salvar-se da morte, perguntando-lhe, se insiste em insultar a Lei.
Ninguém queria perder o angustioso espetáculo. A igreja modesta de Simão Pedro, entretanto, não ousou aproximar-se para qualquer indagação.
Depois do meio-dia, aguardava-se o sentenciado, que chegou, finalmente, cercado de escolta armada, como se fora um malfeitor comum. Estevão apresentava-se bastante desfigurado, embora o semblante não traísse a peculiar serenidade.
No instante aprazado, o doutor antes, de pronunciar a sentença última, interrogou com aspereza:
— Estarias disposto, agora, a jurar contra o carpinteiro Nazareno?
Estêvão responde que:
— Nada no mundo me fará renunciar à sua tutela divina! Morrer por Jesus significa uma glória.
Foi necessário a intervenção da força armada para que o moço de Corinto não fosse estraçalhado, ali mesmo, pela multidão furiosa e delirante.
Estevão não fez o menor gesto de resistência. De quando em quando, levantava os olhos como se implorasse os recursos do Céu para os seus minutos supremos. Não obstante os apupos e as chagas que o dilaceravam, experimentava uma paz espiritual desconhecida. Todos aqueles sofrimentos do cerimonial eram pelo Cristo.
Os executores seriam os representantes das diversas sinagogas da cidade. Cada verdugo mirava friamente o ponto preferido, esforçando-se para tirar maior partido. Risos gerais seguiam-se a cada golpe. Poupemos-lhe a cabeça — dizia um dos mais exaltados —, a fim de que o espetáculo não perca a intensidade e o interesse.
Íntimamente, Estêvão repetia o Salmo 23 de David, qual o fazia junto da irmã, nas situações que pareciam insuperáveis. “O Senhor é meu pastor. Nada me faltará...”
No auge das dores físicas, reconheceu que alguém se aproximava abrindo-lhe os braços generosos. Pelas descrições que ouvira de Pedro, percebeu que contemplava o próprio Mestre em toda a resplendência de suas glórias divinas.
Saulo observou que os olhos do condenado estavam estáticos e fulgurantes. Foi quando o herói cristão, movendo os lábios, exclamou em alta voz:
— Eis que vejo os céus abertos e o Cristo ressuscitado na grandeza de Deus!...
Abigail adentra no recinto e reconhece que Estevão é seu irmão Jeziel.
Estêvão percebe que Jesus contemplava, melancolicamente, a figura do doutor de Tarso, como a lamentar seus condenáveis desvios, o discípulo de Simão experimentou pelo verdugo sincera amizade no coração. Ele conhecia o Cristo e Saulo não. Assomado de fraternidade real e querendo defender o perseguidor, exclamou de modo impressionante:
— Senhor, não lhe imputes este pecado!... Isso dito, voltou os olhos para fixá -los no verdugo, amorosamente. Eis, porém, que divisou junto dele a figura da irmã.
Estêvão sentiu que o Mestre de Nazaré acariciava lhe a fronte, onde a última pedrada abrira uma flor de sangue. Ouvia, muito longe, vozes argentinas que cantavam hinos de amor sobre os gloriosos motivos do Sermão da Montanha.
Ao apresentar Saulo ao irmão como seu noivo, O moribundo contemplou-o sem ódio e exclamou:
— Cristo os abençoe... Não tenho no teu noivo um inimigo, tenho um irmão... Saulo deve ser bom e generoso; defendeu Moisés até ao fim... Quando conhecer a Jesus, servi-lo-á com o mesmo fervor... Sê para ele a companheira amorosa e fiel... Mas a voz do pregador do “Caminho” estava agora rouca e quase imperceptível.
Saulo compreendeu que ele estava morto.
O moço tarsense falou com austeridade:
— Abigail, tudo está consumado e tudo terminou, também, entre nós.
Gamaliel  anuncia sua aposentadoria do Sinédrio e a indicação de Saulo a seu cargo.
Gamaliel  fala a Saulo sua opção pelo evangelho ao estupefato Saulo.
Gamaliel  pede um último desejo a Saulo, que entregue a igreja do “Caminho” o corpo de Estevão. O que Saulo concede.
Abigail volta para Jope em modesta carreta providenciada por Saulo.

Publicada por Graça Leite


Quais as características da personalidade de Estêvão que revelam a grandeza do seu Espírito?







Um comentário:

  1. Estevão era amoroso, caridoso, fraterno, resiliente e resignado. Sua fé lhe tornava forte e corajoso.
    Todas as suas atitudes e pensamentos demonstravam a grandeza de seu amor a Jesus e a todos os seus irmãos.

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