CAP. VIII: A MORTE DE ESTÊVÃO
Na noite seguinte à memorável sessão do
Sinédrio, Saulo de Tarso, conversava com Zacarias, Ruth e Abigail sobre
a personalidade de Estevão. A certa altura, a jovem murmurou:
—
Mas não haveria um meio de modificar, ao menos, a pena arbitrada?
Saulo afirma que:
— Considero o apedrejamento esperado um
dos feitos de mais importância para o futuro da minha carreira.
Abigail concorda em ir ao final da
cerimônia de execução de Estevão, porém solicita que em último
recurso, seja oferecido ao condenado uma derradeira oportunidade para salvar-se
da morte, perguntando-lhe, se insiste em insultar a Lei.
Ninguém queria perder o angustioso espetáculo.
A igreja modesta de Simão Pedro, entretanto, não ousou aproximar-se para
qualquer indagação.
Depois do meio-dia, aguardava-se o
sentenciado, que chegou, finalmente, cercado de escolta armada, como se fora um
malfeitor comum. Estevão apresentava-se bastante desfigurado, embora o
semblante não traísse a peculiar serenidade.
No instante aprazado, o doutor antes, de
pronunciar a sentença última, interrogou com aspereza:
— Estarias disposto, agora, a jurar
contra o carpinteiro Nazareno?
Estêvão responde que:
— Nada no mundo me fará renunciar à sua
tutela divina! Morrer por Jesus significa uma glória.
Foi necessário a intervenção da força
armada para que o moço de Corinto não fosse estraçalhado, ali mesmo, pela
multidão furiosa e delirante.
Estevão não fez o menor gesto de resistência.
De quando em quando, levantava os olhos como se implorasse os recursos do Céu
para os seus minutos supremos. Não obstante os apupos e as chagas que o
dilaceravam, experimentava uma paz espiritual desconhecida. Todos aqueles
sofrimentos do cerimonial eram pelo Cristo.
Os executores seriam os representantes
das diversas sinagogas da cidade. Cada verdugo mirava friamente o ponto
preferido, esforçando-se para tirar maior partido. Risos gerais seguiam-se a
cada golpe. Poupemos-lhe a cabeça — dizia um dos mais exaltados —, a fim de que
o espetáculo não perca a intensidade e o interesse.
Íntimamente, Estêvão repetia o Salmo 23
de David, qual o fazia junto da irmã, nas situações que pareciam insuperáveis.
“O Senhor é meu pastor. Nada me faltará...”
No auge das dores físicas, reconheceu
que alguém se aproximava abrindo-lhe os braços generosos. Pelas descrições que
ouvira de Pedro, percebeu que contemplava o próprio Mestre em toda a
resplendência de suas glórias divinas.
Saulo observou que os olhos do condenado
estavam estáticos e fulgurantes. Foi quando o herói cristão, movendo os lábios,
exclamou em alta voz:
— Eis que vejo os céus abertos e o
Cristo ressuscitado na grandeza de Deus!...
Abigail adentra no recinto e reconhece
que Estevão é seu irmão Jeziel.
Estêvão percebe que Jesus contemplava,
melancolicamente, a figura do doutor de Tarso, como a lamentar seus condenáveis
desvios, o discípulo de Simão experimentou pelo verdugo sincera amizade no
coração. Ele conhecia o Cristo e Saulo não. Assomado de fraternidade real e
querendo defender o perseguidor, exclamou de modo impressionante:
— Senhor, não lhe imputes este
pecado!... Isso dito, voltou os olhos para fixá -los no verdugo, amorosamente.
Eis, porém, que divisou junto dele a figura da irmã.
Estêvão sentiu que o Mestre de Nazaré acariciava
lhe a fronte, onde a última pedrada abrira uma flor de sangue. Ouvia, muito
longe, vozes argentinas que cantavam hinos de amor sobre os gloriosos motivos
do Sermão da Montanha.
Ao apresentar Saulo ao irmão como seu
noivo, O moribundo contemplou-o sem ódio e exclamou:
— Cristo os abençoe... Não tenho no teu
noivo um inimigo, tenho um irmão... Saulo deve ser bom e generoso; defendeu
Moisés até ao fim... Quando conhecer a Jesus, servi-lo-á com o mesmo fervor...
Sê para ele a companheira amorosa e fiel... Mas a voz do pregador do “Caminho”
estava agora rouca e quase imperceptível.
Saulo compreendeu que ele estava morto.
O moço tarsense falou com austeridade:
— Abigail, tudo está consumado e tudo
terminou, também, entre nós.
Gamaliel anuncia sua aposentadoria
do Sinédrio e a indicação de Saulo a seu cargo.
Gamaliel fala a Saulo sua opção
pelo evangelho ao estupefato Saulo.
Gamaliel pede um último desejo a
Saulo, que entregue a igreja do “Caminho” o corpo de Estevão. O que Saulo
concede.
Abigail volta para Jope em modesta
carreta providenciada por Saulo.
Publicada por Graça Leite
Publicada por Graça Leite
Quais as
características da personalidade de Estêvão que revelam a grandeza do seu
Espírito?
Estevão era amoroso, caridoso, fraterno, resiliente e resignado. Sua fé lhe tornava forte e corajoso.
ResponderExcluirTodas as suas atitudes e pensamentos demonstravam a grandeza de seu amor a Jesus e a todos os seus irmãos.