terça-feira, 28 de abril de 2015

CAP. IX: ABIGAIL CRISTÃ


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Como se fora tocado de verdadeira alucinação, ao substituir Gamaliel nas funções religiosas mais importantes da Cidade, Saulo de Tarso deixava -se fascinar por sugestões de fanatismo cruel.
A igreja modesta, onde a bondade de Pedro prosseguia socorrendo os mais desgraçados, porém era rigorosamente guardada por soldados.
Iniciou-se um êxodo de grandes proporções, como Jerusalém de há muito não via.
Livre das prestigiosas advertências de Gamaliel, que se retirara para o deserto, e sem a carinhosa assistência de Abigail, que lhe facultava generosas inspirações, o futuro rabino parecia um louco. Enquanto vivesse odiaria o Cristo. Não sendo possível encontrá-lo para uma vingança direta, persegui-lo-ia na pessoa dos seus caudatários.
Oito meses de lutas incessantes passaram sobre a morte de Estevão, quando o moço tarsense, capitulando ante a saudade e o amor que lhe dominavam a alma, resolveu rever a paisagem florida da estrada de Jope.
Embora mantivesse firme o propósito de omitir toda e qualquer alusão ao carpinteiro de Nazaré, falaria a Abigail do remorso por não lhe haver estendido mãos amigas no instante da morte dolorosa do irmão.
Ao chegar Zacarias informou que Abigail, há mais de quatro meses, adoecera dos pulmões e encontrava-se sem qualquer esperança.
Diante da noiva exclamou Saulo comovidíssimo:
— Abigail abdiquei o meu orgulho e a minha vaidade de homem público para vir até aqui, perguntar se me perdoaste, se me não esqueceste!
— Não me disseste, muitas vezes, que eu era o coração do teu cérebro? Nos primeiros meses da tua ausência, amarguei sem consolo a minha grande desdita. Foi quando surgiu aqui um velhinho respeitável, chamado Ananias, que me deu a conhecer as luzes sagradas da nova revelação. Conheci a história do Cristo; devorei o seu Evangelho de redenção, edifiquei-me nos seus exemplos. Desde essa hora, compreendi-te melhor, conhecendo a minha própria situação.
As palavras da noiva caíam-lhe no coração como gotas de fel. Nunca experimentara dor moral tão aguda.
— Abigail, abandona as ideias tristes. Não te entregues a ilusões.
— Jesus chamou-me para a sua família espiritual..
— Ai de mim! Em toda parte, topo expressões do carpinteiro de Nazaré!
— Cristo é um roteiro para todos, constituindo-se em consolo para os que choram e orientação para as almas criteriosas, chamadas por Deus a contribuir nas santas preocupações do bem.
— Abigail, quisera saber francamente se me desculpaste pela morte de Estevão.
— Minhalma está agora tranquila. Jeziel está com o Cristo.
No dia seguinte, um mensageiro de Zacarias golpeava-lhe a alma com uma notícia grave: Abigail piorara, estava agonizante!
Incontinenti, tomou o caminho de Jope.
Vendo que a noiva tinha imensa dificuldade em expor as últimas ideias, Saulo ajoelhou-se a seu lado.
— Não chores, Saulo — murmurou dificilmente a morte não é o fim de tudo. Auxiliar-te-ei de onde estiver e te consagrarás ao Eterno, em esforços sublimes e redentores. Esta noite, depois que partiste, senti que alguém se aproximava enchendo o quarto de luz... Era Jeziel que vinha ver-me... Anunciou-me que Deus santificava os nossos propósitos de ventura, mas que eu seria levada ainda hoje à vida espiritual. Jeziel afirmou que nós te ajudaremos de um plano mais alto! Seguirei teus passos no caminho, levar-te-ei onde se encontrem nossos irmãos do mundo, em abandono, auxiliarei teus raciocínios a descobrir sempre a verdade!... Ainda não aceitaste o Evangelho, mas Jesus é bom e terá algum meio de nos unir os pensamentos na verdadeira compreensão!...
— Abigail! Abigail! — gritava Saulo desesperado.
— Jeziel já veio ... buscar-me...
Saulo de Tarso ali se deixou ficar mudo, estarrecido enquanto Ruth, lavada em lágrimas, cobria de rosas a morta adorada, que parecia dormir.

Publicada por Graça Leite

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Pesquise sobre Ananias.

Um comentário:

  1. Ananias de Damasco, dito Santo Ananias,era sapateiro em Emaús; foi um discípulo de Jesus e companheiro de Paulo de Tarso. Os Atos dos Apóstolos relatam como ele foi enviado por Deus para curar a cegueira de Paulo e introduzi-lo à Igreja.
    Um ancião, cujo nome hebraico, na forma grega, significa Yaweh compadeceu-se ou como anotam outros, Jeová tem demonstrado favor. Carecendo de vigor físico, trazia n’alma, no entanto, as forças imensuráveis de quem guarda a certeza do Ideal abraçado.
    Ananias, conhecera Jesus na tarde trágica do Calvário. Acompanhara o drama pungente de Jesus pelas ruas da cidade santa, condoendo-se de Sua marcha penosa com a cruz, seguindo o cortejo até o monte. Do alto da cruz, Jesus lhe lançou um olhar inesquecível. Era um chamado, um convite.Teve notícias, três dias depois, da ressurreição do Mestre e então, procurou Simão Pedro para conhecer melhor a personalidade daquele homem. Aceitou de imediato o Evangelho, tendo retornado a Emaús, disposto dos seus bens e tornado a Jerusalém, associando-se aos Apóstolos galileus nas primeiras atividades da Casa do Caminho.
    Emmanuel o descreve lendo os apontamentos evangélicos, ilustrando-os com comentários de sua experiência pessoal e eventos outros significativos. Ao final, percorrendo as filas dos bancos e impondo as mãos sobre os doentes, os anciães de mãos trêmulas, velhos pedreiros rudes, mulheres simples e necessitados de toda ordem.
    É Ananias que aconselha Saulo a amadurecer as ideias, preparando-se para o seu apostolado, o que o faz procurar o velho mestre Gamaliel, em Palmira e internar-se, no deserto de Dan, na sequência.
    Depois de passar três anos no deserto, Saulo retorna a Damasco e é novamente Ananias quem o recebe. Depois de pregar na Sinagoga, no segundo sábado de sua permanência na cidade, Saulo recebe ordem de prisão e se acolhe, a conselho de Ananias, em casa da humilde lavadeira.
    O ancião é preso. Desejam que confesse onde se encontra o moço de Tarso, que ousara macular a Sinagoga falando a respeito do Mestre da Galileia. Durante vinte e quatro horas permaneceu incomunicável. Recebeu vinte bastonadas que lhe deixaram o rosto e as mãos gravemente feridas.
    Logo que se viu livre, esperou a noite e, cauteloso, se dirigiu ao local onde se realizavam as prédicas do Caminho. Sugere a Saulo que fuja da cidade, por cima dos muros, dentro de um cesto de vime. Não era o momento de afrontar o poder judaico.
    Assim, com o concurso de outros três irmãos de confiança, deu-se a fuga de Saulo, depois das primeiras horas da meia-noite.
    Em lágrimas, o Apóstolo dos gentios beija as mãos de Ananias. Voltariam a se reencontrar os dois amigos, somente após a morte.
    É Ananias que vem ao encontro de Paulo de Tarso, logo após a sua decapitação e lhe diz: ...Desde a revelação de Damasco, dedicaste os olhos ao serviço do Cristo! Contempla, agora, as belezas da vida eterna, para que possamos partir ao encontro do Mestre amado!...5
    É muito interessante se verificar a dedicação de Ananias. Em Damasco, devolve a visão a Saulo. É igualmente quem vai restituir a visão ao vencedor e o guiará na sua nova vida, no Mundo Espiritual.
    Servidor do Cristo, ao receber a ordem do Mestre, reluta de início, por conhecer a reputação maldosa de Saulo para, após as explicações de Jesus, a respeito dos acontecimentos às portas de Damasco, atender o irmão, sem outros questionamentos.
    Em nome de Jesus, vai ao encontro de seu perseguidor e não somente o auxilia, quanto o abraça e o chama Irmão, tornando-se-lhe amigo fiel e incondicional. Uma das colunas de sustentação da tarefa extraordinária de Paulo, o Apóstolo. Alguém a quem Paulo se referiria, como homem segundo a Lei, que tinha o bom testemunho de todos os Judeus. (Atos dos Apóstolos, 22, 12)

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