domingo, 3 de maio de 2015

CAP. X: NO CAMINHO DE DAMASCO


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Saulo decidiu concentrar esforços na punição e corretivo de quantos encontrasse transviados da Lei. Julgando-se prejudicado pela difusão do Evangelho. Ele entregar-se-ia de corpo e alma à defesa da Lei de Moisés.
Zacarias conta a Saulo que Ananias havia convertido Abigail e dado a ela uma cópia dos escritos de Levi.
Saulo esclareceu a Zacarias que ele não poderia e que não devia exonerar-se do compromisso que assumiu em desafronta da Lei.
Chegando em Jerusalém, Isaac informou que encontrou entre os prisioneiros um rapaz chamado Matatias Johanan, que conhecia o velho Ananias.
O citado jovem foi torturado — tormento das unhas – e revelou que Ananias não se encontra mais em Jerusalém, mas em Damasco.
O moço tarsense convocava uma reunião no Sinédrio, afirmando que recebera notícias alarmantes de Damasco. Um velho, chamado Ananias, lá estava perturbando a vida de quantos necessitam de paz nas sinagogas.
Como faltava ao cenáculo a ponderação de um Gamaliel, e o sumo-sacerdote, compelido pela aprovação geral, não hesitou em conceder as cartas de habilitação indispensáveis, com ampla autorização para agir discricionariamente.
De posse da documentação necessária, aceitou a companhia de três varões respeitáveis.
Ao fim de três dias, a pequena caravana se deslocou de Jerusalém para a extensa planície da Síria.
A verdade dolorosa é que Saulo se encontrava sem paz interior, não obstante a conquista e gozo de todas as prerrogativas e privilégios, entre os vultos mais destacados da sua raça.
Devia ser meio-dia. Damasco apresentava os seus contornos. Saulo ia à frente, em atitude dominadora. Em dado instante, todavia, Saulo sentiu-se envolvido por luzes diferentes da tonalidade solar.
Viu surgir a figura de um homem de majestática beleza, dando-lhe a impressão de que descia do céu ao seu encontro. Sua túnica era feita de pontos luminosos, os cabelos tocavam nos ombros, à nazarena, os olhos magnéticos, imanados de simpatia e de amor, iluminando a fisionomia grave e terna, onde pairava uma divina tristeza.
—Saulo!... Saulo!... por que me persegues?
O moço tarsense instintivamente ficou de joelhos e um incoercível sentimento de veneração apossou-se inteiramente dele.
— Eu sou Jesus!..
Aquele era o Messias! Sim, ele, Saulo, via-o ali no esplendor de suas glórias divinas!
Saulo experimentou invencível vergonha do seu passado cruel.
Foi quando notou que Jesus se aproximava e, contemplando-o carinhosamente, o Mestre tocou-lhe os ombros com ternura, dizendo com inflexão paternal:
—Não recalcitres contra os aguilhões!... Saulo compreendeu. O Cristo chamara-o por todos os meios e de todos os modos.
O moço de Tarso soluçava.
Ele, Saulo, era a ovelha perdida no resvaladouro das teorias escaldantes e destruidoras. Jesus era o Pastor amigo que se dignava fechar os olhos para os espinheiros ingratos, a fim de salvá-lo carinhosamente.
Sentia-se só e acabrunhado. Doravante, porém, entregar-se-ia ao Cristo, como simples escravo do seu amor.
— Senhor, que quereis que eu faça?
— Levanta-te, Saulo! Entra na cidade e lá te será dito o que te convém fazer!...
Saulo percebeu que estava cego.
Dois dos servos trotaram de volta à Jerusalém e o terceiro, Jacob lhe ofereceu o braço amigo para conduzi-lo a Damasco.
Damasco podia recordar o jovem tarsense, formoso e triunfador. Conhecia-o nas suas festas mais brilhantes, costumava aplaudi-lo nas sinagogas. Mas, vendo passar na via pública aqueles dois homens cansados e tristes, jamais poderia identificá-lo naquele rapaz que caminhava cambaleante, de olhos mortos.

Publicada por Graça Leite

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