CAP. X: NO CAMINHO DE DAMASCO
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Saulo
decidiu concentrar esforços na punição e corretivo de quantos encontrasse
transviados da Lei. Julgando-se prejudicado pela difusão do Evangelho. Ele
entregar-se-ia de corpo e alma à defesa da Lei de Moisés.
Zacarias conta a Saulo que Ananias
havia convertido Abigail e dado a ela uma cópia dos escritos de Levi.
Saulo
esclareceu a Zacarias que ele não poderia e que não devia exonerar-se do
compromisso que assumiu em desafronta da Lei.
Chegando
em Jerusalém, Isaac informou que encontrou entre os prisioneiros um rapaz chamado
Matatias Johanan, que conhecia o velho Ananias.
O
citado jovem foi torturado — tormento das unhas – e revelou que Ananias não se
encontra mais em Jerusalém, mas em Damasco.
O
moço tarsense convocava uma reunião no Sinédrio, afirmando que recebera notícias
alarmantes de Damasco. Um velho, chamado Ananias, lá estava perturbando a vida
de quantos necessitam de paz nas sinagogas.
Como
faltava ao cenáculo a ponderação de um Gamaliel, e o sumo-sacerdote, compelido
pela aprovação geral, não hesitou em conceder as cartas de habilitação indispensáveis,
com ampla autorização para agir discricionariamente.
De
posse da documentação necessária, aceitou a companhia de três varões
respeitáveis.
Ao
fim de três dias, a pequena caravana se deslocou de Jerusalém para a extensa
planície da Síria.
A
verdade dolorosa é que Saulo se encontrava sem paz interior, não obstante a
conquista e gozo de todas as prerrogativas e privilégios, entre os vultos mais
destacados da sua raça.
Devia
ser meio-dia. Damasco apresentava os seus contornos. Saulo ia à frente, em
atitude dominadora. Em dado instante, todavia, Saulo sentiu-se envolvido por
luzes diferentes da tonalidade solar.
Viu
surgir a figura de um homem de majestática beleza, dando-lhe a impressão de que
descia do céu ao seu encontro. Sua túnica era feita de pontos luminosos, os
cabelos tocavam nos ombros, à nazarena, os olhos magnéticos, imanados de
simpatia e de amor, iluminando a fisionomia grave e terna, onde pairava uma
divina tristeza.
—Saulo!...
Saulo!... por que me persegues?
O
moço tarsense instintivamente ficou de joelhos e um incoercível sentimento de
veneração apossou-se inteiramente dele.
—
Eu sou Jesus!..
Aquele
era o Messias! Sim, ele, Saulo, via-o ali no esplendor de suas glórias divinas!
Saulo
experimentou invencível vergonha do seu passado cruel.
Foi
quando notou que Jesus se aproximava e, contemplando-o carinhosamente, o Mestre
tocou-lhe os ombros com ternura, dizendo com inflexão paternal:
—Não
recalcitres contra os aguilhões!... Saulo compreendeu. O Cristo chamara-o por
todos os meios e de todos os modos.
O
moço de Tarso soluçava.
Ele,
Saulo, era a ovelha perdida no resvaladouro das teorias escaldantes e
destruidoras. Jesus era o Pastor amigo que se dignava fechar os olhos para os
espinheiros ingratos, a fim de salvá-lo carinhosamente.
Sentia-se
só e acabrunhado. Doravante, porém, entregar-se-ia ao Cristo, como simples
escravo do seu amor.
—
Senhor, que quereis que eu faça?
—
Levanta-te, Saulo! Entra na cidade e lá te será dito o que te convém fazer!...
Saulo
percebeu que estava cego.
Dois
dos servos trotaram de volta à Jerusalém e o terceiro, Jacob lhe ofereceu o
braço amigo para conduzi-lo a Damasco.
Damasco
podia recordar o jovem tarsense, formoso e triunfador. Conhecia-o nas suas
festas mais brilhantes, costumava aplaudi-lo nas sinagogas. Mas, vendo passar
na via pública aqueles dois homens cansados e tristes, jamais poderia
identificá-lo naquele rapaz que caminhava cambaleante, de olhos mortos.
Publicada por Graça Leite
Publicada por Graça Leite
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Pesquise sobre a cidade de Damasco.
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