domingo, 28 de junho de 2015

DAMASCO



DAMASCO

Conhecida como “Cidade do Jasmim”, Al-Fayha’a, “a cidade perfumada”, Al-Sham, Jollaq, “a rainha das águas”, “dos céus benditos”, “a esmeralda do deserto” e “Pérola do Oriente”, como a denominou o Imperador Juliano, Damasco é a capital da Síria e um dos 14 distritos do país. O distrito de Damasco é administrado por um governador indicado pelo Ministro do Interior. Tem ocupado posição de importância nas áreas de cultura, ciência, política, comércio, arte e indústria, desde os primeiros tempos.


Referências geográficas
Centro importante dos povos do deserto, Damasco conta com 4,5, ou 4,8, milhões de habitantes. A maioria da sua população urbana é originária de migração rural. Localiza-se no oásis de Ghutah, (Ghouta ou al- Guta), um dos mais férteis do mundo. Oásis com dois rios, sendo o mais importante o Barada que se bifurca em sete braços, cruza e abastece a cidade. Situada a nordeste do lago da Galiléia e ao sudeste da Síria, num planalto nos sopés orientais da cordilheira Antilíbano, a 680, ou 690, metros acima do nível do mar. É limitada pela citada cordilheira a oeste e pelo deserto da Síria a leste. Apesar de estar localizada a oitenta quilômetros da costa oriental do mar Mediterrâneo, a cadeia montanhosa a isola do litoral, e a cidade expande-se, então, para leste. O clima é semiárido. Os verões são quentes e os invernos, amenos. O árabe é a língua oficial da região.
O núcleo da cidade é constituído pela cidade antiga, a Cidadela, uma cidade dentro da cidade. Tombada como Patrimônio Mundial da UNESCO, a cidade velha é cercada por grande muralha romana de sete portas: a porta da libertação; a porta dos pomares ou do paraíso; a porta da paz; o “Touma” ou Thomas portão; Eastem Gate; Bab Kisan (por onde se deu a fuga de Saulo de Tarso); e o portão pequeno, Bab al-Jabiya.
 Muitos dos caminhos são enfeitados com colunas e arcos de triunfo. A extensa cidade velha abrange: um gigantesco mercado; um grande bairro mulçumano; um bairro cristão, menor; e uma minúscula zona judaica. A cidade moderna fica a oeste da antiga Damasco, onde estão situadas a maior parte das embaixadas, as universidades e alguns monumentos e edifícios.
Maior metrópole da Síria, Damasco disputa, com Jericó e Biblos, o título de mais antiga cidade habitada, continuamente, no mundo; sendo a cidade-capital mais antiga do planeta. Há registros de moradores desde 5000 a. C. Por pesquisa realizada em Tell Ramad, nos arredores de Damasco, foi sugerido que o local pode ter sido ocupado desde a segunda metade do sétimo milênio a. C., cerca de 6.300 a. C. Entretanto há evidências de assentamentos que remontam de 9.000 a. C., embora não conste a presença de grandes assentamentos, dentro dos muros de Damasco, até o segundo milênio a. C.
Antigas referências a Damasco, como as tábuas de Ebla, informam que a cidade teve imensa influência econômica durante três milênios a. C.; que Damasco foi habitada desde os tempos pré-históricos e que sua história começa na época de Uz, neto de Noé.  Consta que foi capital do Reino Arameu no século XI a. C. Os arameus, ou aramites, eram nômades semitas, aportados através da península Arábica. Consta, ainda, que foram os habitantes originais de Damasco e muitas aldeias, nos seus arredores, são conhecidas por nomes aramaicos.

Cidade antiga de Damasco

Referências históricas
A primeira referência histórica data do século XV a. C., quando foi conquistada pelo Faraó Tutmósis III. No século X a. C. Damasco esteve em guerra com outros reinos, incluindo hebreus, e foi governada por israelitas. Na história antiga, Nicolaus de Damasco faz uma referência a reinado de Abraão em Damasco, referindo-se, inclusive, a uma aldeia chamada ‘habitação de Abraão’. Consta que Damasco foi parte da antiga província de Amurru no reino dos Hicsos, durante 1720 a 1570 a. C. Todavia, os primeiros registros egípcios são as Cartas de Amarna de 1350 a. C.
Há informações que, por volta de 1260 a. C., a região de Damasco, assim como toda a Séria, tornou-se um campo de batalha entre os hititas ao norte e os egípcios ao sul, terminando com um tratado; sendo entregue o controle da área de Damasco a Ramsés II, em 1259 a. C. A chegada dos Povos do Mar, cerca de 1200 a. C., marcou, na região, a transição da Idade do Bronze para a Idade do Ferro, afetando a população dos grandes centros da Síria antiga, contribuindo, todavia, para que Damasco surgisse como um centro influente.
Em 732 a. C., Tiglath-Pileser II fez dela uma parte do império assírio. Após alguns anos, com a queda da capital assíria, Nínive, o reino de Damasco permaneceu sob o domínio de vários povos durante centenas de anos, caindo sob o Império Neo-Babilônio de Nabucodonosor, a partir de 572 a. C., domínio que chegou ao fim em 538 a. C., quando Ciro, rei dos persas, capturou-a, fazendo dela a capital persa da província da Síria. Foi conquistada em 333, ou 332, a. C., por Parménio, um dos generais de Alexandre o Grande; e, após a morte de Alexandre, em 323 a. C., tornou-se disputada entre os impérios Selêucidas e Ptolomeu. Quando o poder selêucida diminuiu, Tigranes da Armênia tomou Damasco.
Após o domínio de vários povos, inclusive, os gregos; os romanos, sob o comando de Pompeu, ocuparam Damasco, incorporando-o à liga das dez cidades, conhecidas como Decápolis, por ser importante centro de cultura greco-romana. No ano 37, o imperador romano Calígula transferiu Damasco, por decreto, para controle Nabataean. Por volta de 106, Nabataea foi conquistada pelos romanos e Damasco passou novamente ao controle do império romano.
 Colonizada pela primeira vez no início do II século, isto é, em 222, pelo Imperador Septímio Severo, Damasco tornou-se uma metrópole. Com a vinda da Pax Romana, começou a prosperar com as rotas de comércio do Sul da Arábia, Palmira, Petra, e as rotas de seda da China. Após a separação do Império Romano, em 395, tornou-se uma capital provincial do Império Bizantino. Os árabes a ocuparam em 635. Em 636, sob o domínio dos mulçumanos, houve uma mudança drástica para a cidade, passando de Bizâncio e do Cristianismo para o Oriente e ao Islão.
Como capital do Califado Omíada, de 661 até 750, teve início sua época de ouro, que durou um século. Após a vitória da dinastia Abássida, a sede do poder islâmico mudou-se para Bagdá, acabando sua época áurea. Passou depois por vários reinos e califados; o mais importante foi o Califado Fatímida; voltando ao tempo de glória quando foi conquistada por Saladino, iniciando a dinastia Aiúbida. Posteriormente, foi conquistada por novos egípcios, os Karmathians e os turcos seljúcidas, em 1076.
Após a invasão mongol, tornou-se capital do reino mameluco de 1260 até 1516. Em 1516, Damasco passou para o domínio dos turcos otomanos, permanecendo por 400 anos, até a Primeira Guerra Mundial.
Em 1918, Damasco foi libertada por um contingente árabe sob o comando do General Allendy, do Exército Britânico. Em 1919, foi formado o Congresso Nacional Sírio sob o patronato de Emir Faisal, que foi declarado rei da Síria; mas, no ano seguinte, em 1920, foi derrotado pelos franceses em nome da Liga das Nações. De 1925 a 1926, Damasco se juntou aos drusos contra os franceses e, após forte resistência, foi proclamada independente, pelo general francês Catroux.
Durante a Segunda Guerra Mundial, as forças francesas livres, e britânicas, entraram em Damasco, que se tornou a capital da Síria independente em 1941, independência que só surtiu efeito a partir de 1946. Em 1958, a Síria e o Egito se uniram para formar a República Árabe Unida, tendo Cairo como capital, e Damasco como a capital da região da Síria. A Síria se retirou da República Árabe Unida em 1961.

A Rua Direita (ou Via Recta) foi construida pelos Romanos, e ha 2.000 anos atras ela tinha cerca de 26 metros de largura, e 1 quilometro e meio de cumprimento, cruzando toda cidade de Damasco de Leste a Oeste, e era conhecida pelos Romanos como a Estrada do Sol.

Referências econômicas
A economia de Damasco baseia-se essencialmente de produtos alimentícios, vestuários e material impresso. A cidade possui uma tradição artesanal de importância considerável, produzindo têsteis de alta qualidade, sedas, artigos de couro, filigrana de ouro, objetos em prata, peças de madeira com entalhes e artigos de cobre e de latão. 

Referências educacionais –
Damasco é o principal centro de educação do país; e a Universidade de Damasco é a mais antiga e maior universidade da Síria. E após a promulgação da legislação que permitiu instituições privadas secundárias, várias novas universidades se estabeleceram na cidade e nas adjacências.

Referências à cultura e a centros culturais –
A corrupção é generalizada, mas nos últimos anos tem sido combatida pelo governo e por organizações não governamentais. Pechinchar é comum, especialmente nos tradicionais souks.
As tradições culturais são mulçumanas. Há muitas obras da arquitetura islâmicas em Damasco. Sua mais notável construção é a Grande Mesquita ou Mesquita de Umayyad, ou Omayyad. Construída no ano de 705, século VIII d. C., é coroada com esplêndida cúpula, torres elevadas e um grande número de minaretes, um dos quais é conhecido como “Minarete de Jesus”; porque, segundo a tradição islâmica, Jesus aparecerá no alto deste minarete no dia do Juízo Final. No lado sul da mesquita, na viga superior de uma porta, há uma inscrição em grego que diz: “Teu reino, Ó Cristo, é um reino eterno”. Há um santuário na mesquita que dizem ter sido construído para conter a cabeça de João Batista.
Há, também, outros grandes e importantes marcos como: o Azem Palace, construído em 1749, é o mais belo exemplo da arquitetura de Damasco, abriga o Museu de Artes e Tradições Populares da Síria, o prédio foi construído com basalto preto e rochas sedimentares brancas; o Museu Nacional da Síria; o Museu Militar; o Museu de Caligrafia Árabe; a Igreja de Santo Ananias, capela baixa semelhante a uma caverna, abaixo do nível da rua, foi construída no porão da casa de Ananias, onde cristãos do mundo inteiro se encontram para meditar a experiência de conversão do apóstolo Paulo; o Damasco Cidadela; os Souqs Velhos como Al – Hamidieyed e Pasha Midhat; Bimaristan Al – Nory; o Mausoléu de Saladin, ou de Saladino, erguido em 1196; a Igreja de São Paulo, construída no local onde o apóstolo fugiu dos seus perseguidores, num cesto de vime, que conserva o ambiente genuíno no qual Paulo de Tarso viveu; e a mesquita Takiyyeh Al – Sulaymaniyyeh, construída em estilo otomano, em 1554, suas camadas de pedras pretas e brancas e os longos minaretes impressionam; o Bimaristan Nur er Din, fundado em 1154, monumento da cidade antiga, como hospital-escola de medicina.
A Cidade Antiga de Damasco, bem como o Sítio de Palmira, é Patrimônio Mundial da Síria.  Em 2008, Damasco foi escolhida como a Capital Árabe da Cultura.

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Capela de Ananias - Rua Direita

Referências sobre religiões  
A maioria dos damascenos, ou 75%, são mulçumanos sunitas. Acredita-se que há mais de mil mesquitas em Damasco, sendo mais famosa a Mesquita dos Omíadas. Fora dos muros da cidade velha, às margens do rio Barada que corta a cidade em duas, sobre a antiga residência de Soleimán O Magnífico, datada de 1516, fica a mesquita com o seu nome. Há alguns bairros cristãos, como Bab Touma, e muitas igrejas, principalmente a antiga igreja de São Paulo de Hahanya. Grande número de igrejas e mosteiros foi construído no período bizantino.

Referências sobre transportes
Damasco está ligada ao Líbano, ao Iraque, à Jordânia e à Turquia, assim como ao resto do país, através de aotoestradas modernas. O Aeroporto Internacional de Damasco fica a vinte quilômetros a leste da cidade com conexões com o mundo árabe, países da Ásia, da Europa e da África e, recentemente, com cidades sul-americanas. O transporte público depende grandemente de micro-ônibus. Há cerca de cem linhas que operam no centro da cidade e algumas delas se estendem até os subúrbios próximos.

Referências sobre os arredores de Damasco
Nas adjacências de Damasco, há localidades que vale a pena visitar: Malula e Seydnaya. Os habitantes de Malula falam o arameu, a língua de Jesus, que é falada, também, em dois povoados vizinhos: Jabadin e Bejaa, onde se encontra os monastérios de São Sergius e de Santa Tecla.
Ao sul de Damasco, se localiza o Santuário de Saida Zainab, cujo interior é todo decorado de prata e ouro. Outra cidade que vale a pena visitar é Zabadani, ao norte de Damasco.

Contribuição de Irinéa Pereira Gomes


2 comentários:

  1. Depois de ler, sinto-me profundamente angustiado pela forma leviana como os homens deste tempo tiveram a coragem de destruir coisas tão belas.
    Amadeu Saraiva.

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